segunda-feira, 23 de março de 2015

A Nova Mulher de 30 Anos

Entrevista cedida pela Psicóloga Fernanda Guimarães à Revista What If.

Quais são os dilemas levados ao consultório pelas mulheres que hoje estão entre 30 e 40 anos?
Dentre os principais dilemas das mulheres nessa faixa etária, podemos destacar:
  • Dúvidas em relação à maternidade;
  • Preocupação em conciliar vida familiar e vida profissional;
  • Angústia sobre as escolhas feitas tanto na vida profissional quanto na vida pessoal;
  • Preocupação em envelhecer de forma saudável; e
  • Dificuldade de aceitação da perda da juventude e das mudanças físicas ocorridas em seus corpos.  
O que essas mulheres esperam dos relacionamentos? E da profissão?
Quanto aos relacionamentos, uma das principais preocupações é sobre a durabilidade dos laços em um mundo em que os relacionamentos estão tão instáveis e frágeis. Elas esperam também poder equilibrar os aspectos amorosos e sexuais do relacionamento com sua liberdade de vivenciar suas escolhas pessoais e profissionais.
Quanto à vida profissional, de modo geral, elas esperam poder vencer as inseguranças do mercado de trabalho, deforma a se estabilizarem para conquistar sua independência financeira e obterem destaque principalmente nas funções que, até muito recentemente, eram predominantemente ocupadas pelo público masculino.

Antigamente, as mulheres nessa faixa etária já se consideravam"velhas demais". Hoje, ao contrário elas muitas vezes se comportam como adolescentes - mesmo com toda a maturidade e com a estabilidade profissional que conquistaram. Por que isso acontece?
Atualmente, se verifica a entrada dos indivíduos na vida adulta mais tardiamente do que em gerações anteriores. Além disso, o apego à imagem e as cobranças da sociedade para que essa imagem se mantenha, principalmente nas mulheres, tem causado uma dificuldade por parte delas em aceitar a perda da juventude, o que pode motivar comportamentos que não condizem com sua idade cronológica.

As pressões sobre essas mulheres estão mais intensas hoje do que no passado?
Sim. As pressões estão mais intensas hoje, já que as mulheres se veem obrigadas a conciliar a vida pessoal com a vida profissional, além de, como mencionado, serem mais cobradas em relação à sua imagem: ao mesmo tempo em que a sociedade cobra que as mulheres se insiram no mercado de trabalho e continuem exercendo bem a função de gestoras das tarefas de casa, ela também cobra essas mesmas mulheres de estarem sempre com a aparência que se considera perfeita em dado momento.

Algumas mulheres que passaram dos 30 anos e focaram bastante na carreira, deixando de lado os relacionamentos, agora enfrentam dificuldades para retomar do ponto onde pararam. Como superá-las?
Nesses casos em que a vida profissional da mulher se fez em detrimento da vida pessoal, a sugestão é a revisão de suas prioridades para que se possa equilibrar melhor essas duas esferas de sua vida, como, por exemplo, reduzir, se possível, sua excessiva dedicação ao trabalho e aumentar suas frentes sociais.

E aquelas que já se casaram, tiveram filhos, reclamam da falta de tempo para a família e pensam em abandonar a carreira para se dedicar a eles e a alguma atividade profissional que lhes dê mais tempo livre e prazer, mesmo que isso implique ganhar menos - elas sofrem muito ao tomar essa decisão? O que deve ser considerado nessa hora?
O sofrimento pode variar de pessoa para pessoa. Quanto mais o trabalho for importante para determinada mulher, mais sofrimento será causado nessa tentativa de conciliação. E aí, novamente, entra a importância de se estabelecer as prioridades. Por exemplo, a mulher que preza por sua independência financeira pode se sentir frustrada ao se ver dependente,mesmo que esteja com maior possibilidade de dedicação a família. O importante é focar nos ganhos que se tem com a mudança e, caso esses benefícios não compensem a decisão, que a mulher tenha liberdade de buscar um novo ponto de equilíbrio.

Que análise você faz do perfil comportamental dessas mulheres comparando com aquelas que estavam nessa faixa etária há 30 anos?
Provavelmente, uma das maiores mudanças em relação às mulheres de hoje e de 30 anos atrás é o envolvimento da mulher no mercado de trabalho, uma vez que o mundo está caminhando, cada vez mais, para uma igualdade de direitos e participações entre os sexos. Outra consequência natural disso é o comportamento sexual, já que, mais independentes,as mulheres podem expressar sua sexualidade mais livremente. As mulheres de hoje tendem a ser, portanto, mais atuantes, mais decididas e mais seguras, porém ao preço de sofrerem mais pressões da sociedade para equilibrarem todos os aspectos de suas vidas. 

A cantora Sandy,que faz 30 anos este mês, está divulgando a canção "Aquela dos 30",cujos versos dizem: "E aumentou em mim a pressa/ de ser tudo que eu queria/e ter mais tempo para me exercer/ Tenho sonhos adolescentes/mas as costas doem/ Sou jovem para ser velha/E velha para ser jovem". Esse é o sentimento comum das gerações x e y ou sempre existiu, só que as mulheres das gerações passadas foram "treinadas" para não expressá-lo?
Aflições como esta são atemporais. Mas, como às mulheres das gerações passadas era restrita a livre expressão desses sentimentos e sua possibilidade de realização,essas aflições acabavam sendo menos evidentes, o que em uma geração mais imediatista e mais livre, se pode verificar com mais facilidade.

Fernanda A. Linhares Guimarães
Psicóloga – CRP:06/90599
Rua Arnaldo Ricardo Monteiro, 71, São José dos Campos
Tel:12-39414392
 

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