Matéria do Jornal Novo Tempo sobre a natação e os benefícios do esporte no desenvolvimento psicológico e social, com a participação da Psicóloga Fernanda Guimarães e do Especialista em Sociologia Roberto Guimarães:
"É importante acrescentar que o desenvolvimento social acontece porque o esporte é uma via de ação. A educação atualmente tem como base a transmissão de saberes teóricos, sendo que a maioria deles não tem a ver com a realidade do aluno. Do aluno é cobrada apenas a memorização de tais conteúdos. Assim, a realidade é posta para o indivíduo como algo pronto, da qual ele não participa diretamente e que não se sente apto a alterar. Isso gera um comportamento de submissão ao que está estabelecido e consequentemente de inação em relação à sua própria realidade.
Quando, porém, o indivíduo pratica esportes, descobre por si mesmo que pode alterar a realidade de forma significativa, pois todo o desenvolvimento obtido por essa via é consequência de seu esforço ou do esforço conjunto entre seus colegas de prática e seus orientadores. Esse encorajamento desenvolvido no esporte afeta sua realidade imediata, pois os recursos desenvolvidos pelo praticante também podem ser aplicados em seu entorno social. Como entende que a transformação da realidade depende também dele, pode atribuir-se responsabilidades quanto à melhoria das contradições e condições dos ambientes em que vive.
Nos esportes individuais, a responsabilidade pelos resultados é mais facilmente assumida pelo praticante, uma vez que é o único indivíduo atuando diretamente na modalidade. Isso fortalece a noção acima descrita. Nos esportes coletivos, essa atribuição de responsabilidades, principalmente no fracasso, pode ser distorcida. Porém, os esportes coletivos tendem a melhorar as capacidades socializadoras do praticante na medida em que tem que conciliar capacidades e expectativas em nome de uma finalidade comum ao grupo.
É necessário observar que os desenvolvimentos social e psicológico são ameaçados quando a prática do esporte tem como principal objetivo o resultado das competições, algo bastante comum em nossa sociedade capitalista, extremamente competitiva e aberta apenas aos primeiros lugares. Não estou afirmando que a competição é prejudicial por si mesma, ela é parte do esporte e pode ser uma prática saudável. Porém, na medida em que o foco passa a ser o resultado da competição em vez do desenvolvimento e da satisfação que a prática do esporte geram, os efeitos podem ser o aumento do individualismo, a dificuldade em lidar com a agressividade e com as frustrações inerentes à derrota, e também a desmotivação pela prática do esporte no qual se compete." Roberto Guimarães.
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